Ansiedade em crianças: como a psicologia pode ajudar?
Ansiedade em crianças é um diagnóstico cada vez mais comum nos dias de hoje. Mas, afinal de contas, o que fazer, como lidar com essa situação?
Aproximadamente, 1 em cada 10 crianças reunirá critérios para diagnóstico de ansiedade em crianças.
À medida que a criança cresce e se desenvolve cognitivamente, o foco dos seus medos e preocupações passam do concreto para preocupações mais abstratas.
Diversos fatores parecem estar na origem de perturbações de ansiedade, nomeadamente influências genéticas, temperamento, psicopatologia parental, fatores cognitivos e experiências de vida.
Crianças podem ser ansiosas tanto por característica de sua personalidade como por consequência de eventos fortes em suas vidas.
Os sintomas podem ser, choro sem explicação, acordar no meio da noite com sobressalto, reações abruptas a pequenas coisas, mudanças nos hábitos alimentares, “manhas”, apego exagerado com um dos pais, medos sem sentido, etc.
Entendendo a ansiedade em crianças
A ansiedade é uma emoção normal e adaptativa a ajuda-nos a lidar com a dificuldade, bem como com situações desafiantes ou perigosas.
A ansiedade é frequente – existem momentos em que todos nós, adultos e crianças, nos sentimos preocupados, ansiosos, chateados ou estressados.
Mas a ansiedade torna-se um problema quando ela interfere no cotidiano da criança, impossibilitando-a de desfrutar a sua vida como habitual, por afetar suas relações na escola e na família, suas amizades e sua vida social.
É aqui que a ansiedade domina e a criança perde o controle. E aqui, aqui é fundamental ajudar a criança a ultrapassar as suas dificuldades.
As perturbações ansiosas nas crianças e jovens são comuns e fazem parte das dificuldades mais frequentes na infância.
Podem ter um impacto significativo no dia-a-dia, com consequências no desenvolvimento e com interferência nas aprendizagens, no estabelecimento de amizades e nas relações familiares.
Muitas perturbações de ansiedade, quando ignoradas na infância, persistem na vida adulta, aumentando a probabilidade de se desenvolverem outro tipo de patologias.
Sintomas de ansiedade em crianças
A criança demora mais que um adulto para processar um acontecimento ou uma mudança.
Ela passa por um período maior de interpretação e adaptação à nova situação. Por isso, a ansiedade pode se manifestar “do nada”, dias ou meses depois do ocorrido.
Os sintomas mais comuns de ansiedade em crianças são:
- Mudança nos hábitos alimentares, podendo ser comer muito ou menos que o habitual;
- Enxaquecas ou dores inexplicáveis;
- Pesadelos recorrentes;
- Distúrbios do sono;
- Pedir para dormir com os pais com frequência;
- Isolamento social;
- Fobias;
- Perda de vontade de fazer atividades e brincadeiras que gostava;
- Destruição de brinquedos ou objetos pessoais;
- Tristeza ou apreensão constante com temas além da sua compreensão;
- Problemas digestivos.
Os pais não devem reagir com exasperação ou impaciência diante desses comportamentos.
Se existir dúvida sobre quais sintomas são patológicos ou quais são ligados à manha infantil, o melhor a se fazer é procurar um psicólogo.
Além de diagnosticar a ansiedade, a terapia previne que as crianças interpretem mensagens errôneas dos adultos e que traumas de infância se formem.
Mensagens equivocadas costumam ser transmitidas inconscientemente.
Afinal, muitos pais (e adultos, no geral) não compreendem o impacto de palavras e ações no emocional e psicológico das crianças.
O que fazer para lidar com a ansiedade em crianças
O primeiro passo é perceber que o pequeno é ansioso.
No entanto, isso só pode ser feito ao observar alguns pontos que demonstrem a existência da condição.
O próximo passo é procurar ajuda profissional, pois somente os especialistas saberão conduzir as intervenções de forma eficaz.
O tipo de tratamento mais recomendado é a Terapia Cognitivo-Comportamental.
Ela pode ser definida como uma psicoterapia cujo campo de atuação ocorre sobre pensamentos surgidos por uma dada situação estimulante.
Importante explicar que tais concepções são possibilitadas por gerar os comportamentos e os sentimentos que caracterizam a relação da criança com o espaço que ela está.
Como lidar com a ansiedade no dia-a-dia
A forma como a família lida com a ansiedade que se manifesta diariamente na criança pode amenizar os sintomas das crises, bem como reduzir a frequência com que ocorrem.
Os pais são os principais exemplos na vida dos pequenos, e suas condutas são ainda mais importantes para eles, que os enxergam como heróis.
Embora não precisem manter essa postura de seres sobrenaturais e indestrutíveis, podem tentar dar exemplos positivos.
Controlar o estresse de forma saudável, com exercícios físicos e uma alimentação balanceada, é um exemplo de conduta adequada que pode ser ensinada às crianças.
Além disso, os pais podem tomar algumas atitudes para ajudar a reduzir os sintomas de ansiedade no dia a dia.
Veja, a seguir, algumas maneiras de suavizar a ansiedade em crianças.
#1. Oferecer apoio constante
Em momentos de dificuldade, demonstre o seu apoio e as formas como pode ajudar a criança a superar os seus desafios.
Não reaja com o famoso “não é mais do que sua obrigação” ou passando o sentimento de que “é só uma fase” porque esse tipo de afirmação pode dar origem a comportamentos ansiosos e perfeccionistas no futuro.
Oriente-a para que saiba que poderá sempre contar com você e entenda que você confia no que ela sente.
#2. Siga a rotina de forma adequada
Procure manter uma rotina diária consistente para fornecer uma sensação de controle à criança.
Lembre-se que os filhos observam o comportamento dos pais e os interpretam como corretos.
Mantenha hábitos saudáveis para ensiná-los sobre a importância da resiliência.
#3. Não evite os medos da criança
As crianças podem apresentar medos muito imaginativos!
Podem se originar de filmes ou desenhos animados, ou surgirem da própria imaginação.
Embora seja necessário reassegurar à criança que não é preciso se preocupar, não descarte os medos como “coisa da cabeça dela”.
A conduta mais adequada nesse cenário é ensinar maneiras saudáveis de lidar e superar o medo.
#4. Conversem sobre situações que causam ansiedade
Se a criança apresenta preocupações excessivas, procure entender os sentimentos e as apreensões dela, mesmo se elas aparentarem ser irracionais.
Até mesmo em adultos é comum que a ansiedade seja alimentada por medos que não costumam fazer sentido para a maioria.
Pergunte à criança como ela se sente e demonstre empatia antes de aconselhá-la. Dizer “Eu sei que é complicado/difícil.
Está tudo bem se sentir triste/bravo” é uma maneira de validar a sua experiência e suas emoções. Só então forneça um conselho para lidar com o objeto da ansiedade.
Ansiedade em crianças é um assunto sério, e como tal, deve ser acompanhado por profissionais
É preciso entender que ansiedade não é “frescura”, nem “chilique” de criança. Ansiedade é um transtorno e, como tal, requer o devido tratamento.
Hoje em dia, as pressões externas sobre as crianças aumentaram, com inúmeras exigências como o bom desempenho escolar, esportivo, dominar um segundo idiom, por exemplo.
Corresponder às expectativas da família, dos professores e dos colegas pode ser uma tarefa bastante difícil para algumas crianças e gerar irritação e ansiedade.
Da mesma forma, muitas vezes as crianças estão sofrendo retaliação ou violência por parte de alguma pessoa em específico sem os pais saberem.
Traumas como perdas familiares, a experiência de acidentes, ambientes conflituosos em casa também podem ser motivo de muito sofrimento.
Em todos esses casos, a psicologia infantil se torna imprescindível para que a criança seja capaz de organizar e expressar seus sentimentos, superando assim, a ansiedade em crianças.