Psicomotricidade infantil e a criança que anda na ponta dos pés
A psicomotricidade é uma área que abrange o desenvolvimento motor e a coordenação dos movimentos da criança em relação ao seu corpo e ao ambiente ao redor. Desde os primeiros meses de vida, as crianças começam a explorar suas habilidades motoras, desenvolvendo gradualmente controle sobre seus movimentos. No entanto, algumas questões podem surgir durante esse processo de desenvolvimento, uma delas sendo o hábito de andar na ponta dos pés.
Quando uma criança adota a marcha em pontas dos pés, essa condição pode gerar preocupações nos pais e cuidadores. Embora, em muitos casos, seja um comportamento transitório e normal, persistir com esse hábito além dos primeiros anos de vida pode sinalizar questões relacionadas ao desenvolvimento motor ou a condições específicas, como transtornos neurológicos ou sensoriais.
Neste artigo, exploraremos a importância da psicomotricidade no desenvolvimento infantil, os motivos pelos quais algumas crianças andam na ponta dos pés, os fatores que podem influenciar esse comportamento e como as intervenções adequadas podem ajudar no desenvolvimento saudável da criança.
O que é Psicomotricidade Infantil?
A psicomotricidade infantil refere-se à integração dos processos motores e psíquicos da criança. Isso envolve não apenas o controle e a coordenação dos movimentos físicos, mas também como esses movimentos se relacionam com as emoções, o pensamento e a interação com o ambiente. Em outras palavras, a psicomotricidade vai além dos aspectos físicos e inclui a percepção corporal, a coordenação motora, a organização espacial e temporal, e o desenvolvimento emocional.
Desde cedo, as crianças desenvolvem habilidades motoras que são essenciais para sua independência, como engatinhar, andar, correr, pular e manipular objetos. Cada uma dessas fases é influenciada pela maturação neurológica e pelas experiências de movimento que a criança vivencia em seu dia a dia.
A psicomotricidade infantil tem um papel fundamental em várias áreas do desenvolvimento, como:
Coordenação Motora Global: Relacionada aos movimentos amplos do corpo, como andar, correr e pular.
Coordenação Motora Fina: Refere-se a movimentos precisos e delicados, como segurar um lápis ou manipular pequenos objetos.
Equilíbrio e Postura: Envolve a capacidade de manter o corpo estável e alinhado em diferentes posições.
Percepção Espacial e Temporal: A compreensão de onde o corpo está no espaço e a noção de tempo durante a realização de movimentos.
A Criança que Anda na Ponta dos Pés: Normal ou Preocupante?
É comum que crianças pequenas, especialmente aquelas que estão aprendendo a andar, passem por uma fase em que andam na ponta dos pés. Nos primeiros anos de vida, isso geralmente é parte do desenvolvimento normal e desaparece espontaneamente à medida que a criança ganha mais controle sobre seus movimentos. No entanto, quando o hábito persiste após os 2 ou 3 anos de idade, pode ser um sinal de alerta e requer uma avaliação mais detalhada.
Fatores Comuns para a Marcha em Ponta dos Pés
Desenvolvimento Normal: Em muitos casos, andar na ponta dos pés é uma etapa do desenvolvimento motor. Crianças pequenas podem adotar essa postura durante as brincadeiras ou enquanto experimentam novas formas de movimentação. Com o tempo, elas devem desenvolver uma marcha mais madura, onde toda a planta do pé entra em contato com o chão.
Tendão de Aquiles Encurtado: Algumas crianças apresentam encurtamento do tendão de Aquiles, o que dificulta o movimento adequado do pé. Isso pode fazer com que elas sintam mais facilidade em andar na ponta dos pés. Nesses casos, é comum observar uma limitação na flexibilidade do tornozelo.
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Hábito: Algumas crianças podem simplesmente desenvolver o hábito de andar na ponta dos pés sem uma causa fisiológica ou médica subjacente. Esse comportamento pode ser reforçado por diversão ou imitação de outros.
Transtornos Sensoriais: A desordem do processamento sensorial é uma condição em que o cérebro tem dificuldades para interpretar e organizar as informações sensoriais do ambiente. Algumas crianças com essa condição podem evitar o contato pleno do pé com o chão devido a uma hipersensibilidade tátil, preferindo andar na ponta dos pés.
Transtornos Neurológicos: Em alguns casos, andar na ponta dos pés pode estar relacionado a condições neurológicas, como a paralisia cerebral, que afeta o controle motor, ou o transtorno do espectro autista (TEA). Crianças com TEA podem exibir marcha na ponta dos pés como parte de comportamentos repetitivos ou dificuldades de processamento sensorial.
A Importância da Intervenção Psicomotora
Quando uma criança persiste em andar na ponta dos pés além dos primeiros anos de vida, é essencial buscar orientação de um profissional, como um fisioterapeuta ou psicomotricista. A avaliação psicomotora ajuda a entender se esse padrão de marcha está relacionado a questões sensoriais, motoras ou comportamentais.
Avaliação e Diagnóstico
Durante a avaliação, o profissional observará aspectos como a flexibilidade das articulações, o tônus muscular, o controle motor e a coordenação da criança. Além disso, será investigada a presença de reflexos primitivos que podem estar interferindo no desenvolvimento normal da marcha.
A avaliação também incluirá o histórico de desenvolvimento da criança, como os marcos motores anteriores (engatinhar, sentar, andar) e a presença de outros sinais que possam indicar problemas neurológicos ou sensoriais.
Intervenções Comuns
1. Fisioterapia: Quando a marcha na ponta dos pés está associada ao encurtamento do tendão de Aquiles ou a outros problemas motores, a fisioterapia é uma intervenção essencial. Os fisioterapeutas trabalham para alongar os músculos e tendões, melhorar a amplitude de movimento e fortalecer os músculos das pernas e dos pés. A terapia pode incluir exercícios específicos para aumentar a flexibilidade do tornozelo e promover uma marcha mais adequada.
2. Terapia Ocupacional: Se o andar na ponta dos pés estiver relacionado a uma desordem do processamento sensorial, a terapia ocupacional pode ajudar. Os terapeutas ocupacionais trabalham para melhorar a integração sensorial, ajudando a criança a se sentir mais confortável com a sensação de tocar o chão com toda a planta do pé. Além disso, podem ser utilizados exercícios e jogos que incentivam o uso completo do pé durante as atividades diárias.
3. Intervenções Psicomotoras: A psicomotricidade pode auxiliar no desenvolvimento do esquema corporal e no aprimoramento da coordenação motora. Através de atividades lúdicas e movimentos guiados, as crianças são incentivadas a tomar consciência de seu corpo no espaço e a corrigir padrões motores inadequados, como a marcha na ponta dos pés.
4. Órteses: Em alguns casos, órteses ou botas ortopédicas podem ser recomendadas para apoiar o tornozelo e ajudar a criança a manter o pé na posição correta durante a caminhada.
5. Cirurgia: Em situações raras, onde há um encurtamento severo do tendão de Aquiles ou uma deformidade estrutural, pode ser necessário recorrer a intervenções cirúrgicas para corrigir o problema.
O Papel da Família e da Escola
A participação ativa da família e da escola é crucial no suporte ao desenvolvimento psicomotor da criança. Pais e cuidadores devem estar atentos aos sinais de dificuldade motora, enquanto educadores podem observar o comportamento motor durante as atividades escolares. Uma abordagem colaborativa entre terapeutas, professores e pais garante que a criança receba o apoio necessário tanto no ambiente clínico quanto no cotidiano.
Conclusão
A psicomotricidade desempenha um papel vital no desenvolvimento motor e emocional das crianças. Embora andar na ponta dos pés possa ser uma fase transitória em muitos casos, a persistência desse comportamento pode indicar questões que necessitam de atenção e intervenção especializada. Através de uma abordagem integrada, envolvendo fisioterapia, terapia ocupacional e psicomotricidade, é possível corrigir a marcha na ponta dos pés e promover um desenvolvimento motor saudável para a criança.
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