Seletividade alimentar: afinal de contas, como lidar?
Você já ouviu falar em seletividade alimentar? Hoje, vamos tratar um pouco sobre esse tema importante!
A seletividade alimentar é um problema. A diversidade alimentar é uma das principais fonte de saúde.
É o ponto inicial para que, em conjunto com a atividade física, o sono de qualidade e a gestão do estresse, consigamos nos desenvolver e nos manter saudáveis.
Por isso, devemos sempre buscar uma dieta variada e equilibrada.
Por outro lado, quando rejeitamos diversos tipos de alimentos, podemos privar nosso organismo de categorias de nutrientes importantes.
o caso de pessoas que “não comem frutos do mar” ou rejeitam qualquer tipo de “salada”.
Esta prática é denominada seletividade alimentar.
Nesses casos, para ampliar nossa dieta é preciso vencer barreiras e restrições, muitas vezes iniciadas na infância.
Fique por dentro da seletividade alimentar
A seletividade alimentar é um grande desafio para pais e mães que precisam lidar com criança que aceita poucos tipos de alimentos.
Quando chegam ao consultório do nutricionista, ou do pediatra, esses pais normalmente já fizeram diversas tentativas para que os filhos tenham uma alimentação mais saudável e diversificada.
A seletividade alimentar costuma atingir crianças e adultos. No entanto, para os 2 grupos, conta com características em comum:
- Dar preferência a alimentos com cores específicas;
- Evitar alimentos com cores, sabores ou texturas particulares;
- Aversão a determinados grupos alimentares;
- Enjoos diante de novos alimentos;
- A criança fecha a boca e diz que não vai comer de nenhuma maneira.
Nem sempre a criança seletiva apresenta problemas de baixo peso ou mesmo sobrepeso.
Porém, no longo prazo, correm o risco de desenvolver essas e outras doenças.
Crianças que se enquadram na seletividade alimentar costumam ingerir alimentos repetidos em pequenas porções, de forma lenta, além de frequentemente apresentarem algum comportamento inadequado no momento das refeições, uma tríade composta por: recusa alimentar, desinteresse pela comida e pouco apetite.
Frente a esse perfil da criança com seletividade alimentar é necessária a realização de uma avaliação nutricional, preferencialmente em conjunto com o fonoaudiólogo, com o objetivo de identificação de preferências, alterações sensoriais e monitoração do crescimento, desenvolvimento e de vigilância de alguns distúrbios nutricionais.
Em consequência da seletividade alimentar, é possível ocorrer a deficiência de macro e micronutrientes com impactos importantes no desenvolvimento da criança, principalmente no aporte de cálcio afetando diretamente a massa óssea e no aporte de ferro, afetando o aprendizado, disposição e aumentando o risco de anemia na criança.
Atenção da família: o primeiro passo
Os casos de seletividade alimentar na infância costumam ser extremamente trabalhosos.
Essa família, provavelmente, já ouviu bastante sobre a importância da alimentação saudável.
No entanto, quando não é possível dialogar com a criança e nada é negociável, uma alta dose de paciência é necessária.
A família já sofre com os efeitos que a seletividade alimentar tem sobre a vida social.
Por isso, o primeiro passo é ouvir atentamente como essa seletividade alimentar vem se manifestando. E isso inclui perguntar:
- Quais alimentos específicos a criança aceita;
- Se existem horários específicos para aceitar alimentos;
- Se ela só come determinada marca, ou conta com outras manias;
- Se prefere comer alimentos de uma cor específica.
A partir dessas informações, é possível traçar metas para essa criança ter uma alimentação mais diversificada.
As possíveis causas da seletividade alimentar
Os estudos indicam que, na maioria das vezes, o transtorno alimentar seletivo tem início na infância.
Confira alguns pontos importantes no processo de formação do paladar da criança.
- A amamentação é um facilitador para a aceitação de novos alimentos, já que as variações na dieta da mãe se refletem nas características sensoriais do leite materno. Assim, quanto mais variada a dieta da mãe, mais variado tende a ser o paladar da criança.
- Por outro lado, é recomendado que não se atrase a introdução gradual de alimentos sólidos na dieta do bebê. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, este processo deve ter início aos 7 meses. Nesse período é ainda mais importante alternar as formas de preparação e textura dos alimentos oferecidos.
- A maneira de oferecer alimentos também deve ser variada, como alternar entre dar comida na boca ou deixar comer sozinho, assim como oferecer os alimentos em diferentes locais da casa.
- A família e os cuidadores devem prezar pelo ambiente onde a criança de alimenta. Se um ambiente é agradável e novos alimentos são oferecidos sem coação, a criança fica muito mais disposta a desenvolver preferência por eles.
Como não tratar a seletividade alimentar
Acredito que existem alguns erros que profissionais cometem com a família e as crianças e jamais deviam ser cometidos.
O primeiro deles está relacionado a esperar que a criança fique com fome e não ofereça nada além do que foi prescrito na dieta.
É importante exercitar a sensibilidade em relação à família. Já atendi casais que receberam como orientação não deixar que a criança fosse alimentada com a mamadeira porque quando sentisse fome, aceitaria o novo cardápio.
No entanto, a chance dessa criança comer é muito baixa.
Deixar de comer é muito pior do que alimentar-se com aqueles alimentos que não são adequados à sua saúde.
Também não é interessante receber essa família com julgamentos. Eles já estão cansados dos olhares preconceituosos.
Assim, acabam descontando toda essa frustração na criança e acabam taxando como “a criança que não come”.
O que acontece? Essa criança cresce rotulada como aquela que “come mal” e torna-se cada vez mais disso!
Por isso, não é nada saudável falar dessa maneira com a criança, por mais resistente que seja.
Saber como tratar a seletividade alimentar é indispensável para um tratamento efetivo
A confirmação do diagnóstico de transtorno alimentar deve ser feita por um nutricionista ou médico, com base em exames e na história clínica dos sintomas.
Esse profissional poderá verificar a presença de outros problemas que possam levar à rejeição da alimentação, como alergia, dificuldades para mastigar e deglutir ou problemas gastrointestinais.
Por ser um distúrbio de classificação relativamente recente, ainda não existe um protocolo estabelecido para tratamento.
O que vem sendo praticado é uma abordagem multidisciplinar, com participação de nutricionista, psiquiatra ou psicólogo e clínico geral ou pediatra.
Neste contexto, algumas práticas vêm demonstrando bons resultados.
O ponto de partida do tratamento do transtorno alimentar está na aceitação do diagnóstico pelo paciente, que toma consciência dos efeitos da seletividade alimentar para a saúde do seu organismo e para suas relações sociais.
Neste momento também é importante que os pais ou companheiros do paciente tomem consciência e se engajem ativamente no tratamento.
Tendo em mente que este é um tratamento de avanço lento, o profissional pode sugerir e acompanhar algumas ações:
- Todos devem prezar por um bom ambiente de refeições, seguindo conceitos que descarta o uso de eletrônicos à mesa e defende uma ligação maior com a comida. Devem ser evitadas discussões ou cobranças no momento da alimentação, deixando o paciente livre para escolher e quantificar o que vai comer.
- Combinar com o paciente a introdução pontual de cada novo alimento ou forma de preparo, ressaltando as semelhanças com alimentos aceitos e sua importância para a saúde. A dieta do paciente deve ser a mesma dos outros moradores da casa.
- Administrar a ansiedade por resultados por parte do paciente e de seus pais ou companheiros, evitando que a cobrança por avanços venha a prejudicar o engajamento e a própria continuidade do tratamento.
- Monitorar a carência de micronutrientes e, quando houver necessidade, receitar suplementos alimentares que supram essas necessidades.
Agora que você já sabe um pouco mais sobre como lidar com a seletividade alimentar, compartilhe suas dúvidas conosco no campo de comentários.