Transtorno do processamento auditivo central: saiba tudo sobre ele
Hoje vamos fazer uma análise aprofundada sobre o transtorno do processamento auditivo central
O processamento auditivo central é a habilidade do sistema auditivo nervoso central em utilizar a informação auditiva.
Isto é aquilo que o cérebro é capaz de fazer com o que ouvimos.
O processamento auditivo central envolve não somente a percepção dos sons, mas mais importante do que isso, envolve como nós identificamos, localizamos, temos atenção, analisamos, memorizamos e recuperamos a informação auditiva.
Alterações no processamento auditivo central pode ser confundido com TDAH, já que dificuldades no processamento do som podem ocasionar desatenção e, consequente agitação.
Ao não conseguir processar o som no tempo ou de forma adequada, a pessoa deixa de compreender a mensagem auditiva, ou fica “atrasada” no entendimento do que está sendo dito.
Facilmente esta condição leva à desatenção e agitação, especialmente em sala de aula, onde o conteúdo auditivo tem grande importância.
O transtorno do processamento auditivo central pode ser provocado por múltiplas razões, por isso nem sempre é tão simples identificar as suas causas.
As mais comuns são os problemas de origem genética, lesões cerebrais por anóxia ou traumatismo craniano.
A maior parte dos diagnósticos da doença costuma ser feita em crianças e idosos.
Entendendo o transtorno do processamento auditivo central
O transtorno do processamento auditivo (TPAC) acontece quando a pessoa tem a queixa de não ouvir bem, mas tem audição normal, ou seja, a dificuldade está em processar auditivamente a informação recebida.
O transtorno do processamento auditivo central é a alteração ou falta de habilidade na recepção, análise e processamento da informação que chega pela via auditiva.
Há uma dificuldade em localizar, discriminar, reconhecer, memorizar e compreender a fala, mesmo quando a audição periférica está normal e outras funções cognitivas estão preservadas.
Isto é, o indivíduo não consegue analisar e/ou interpretar o que ouve em situações de vida diária, de aprendizagem e durante a aquisição de linguagem.
O Transtorno pode ocorrer juntamente com outras alterações tais como o transtorno de aprendizagem, transtorno específico de linguagem (DEL) e TDAH.
O TPAC pode causar sérios impactos psicoemocionais, educacionais e sociais.
Pode afetar a compreensão de fala, o desenvolvimento das habilidades linguísticas e a capacidade de percepção dos sons, prejudicando desta forma o aprendizado escolar, já que com o TPAC o processo cognitivo se inicia com alteração.
As causas e diagnósticos do TPAC
As causas do transtorno do processamento auditivo central podem ser variadas e muitas vezes desconhecida.
De qualquer forma, as mais comuns são de origem genética, otites de repetição, lesões cerebrais por anóxia ou traumatismo craniano, presença de outros distúrbios neurológicos, atraso maturacional das vias auditivas do Sistema Nervoso Central ou por envelhecimento natural do cérebro.
Por isso, a maior parte dos diagnósticos é feita em crianças e idosos.
A seguir, listamos os principais sintomas que podem ser percebidos na criança com TPAC:
- Dificuldade de memorização em atividades diárias;
- Dificuldades acadêmicas para ler e escrever;
- Fadiga atencional em aulas ou palestras;
- Troca de letras na fala ou escrita;
- Demora em compreender o que foi dito;
- Dificuldades em compreender informações em ambientes ruidosos;
- Desatenção e distração;
- Solicita repetição constante da informação;
- Agitação;
- Dificuldade para entender conceitos abstratos ou duplo sentido;
- Dificuldade para executar tarefas que lhe foram solicitadas.
Diagnóstico e tratamento do transtorno do processamento auditivo central
O diagnóstico do TPAC é composto de procedimentos um pouco mais elaborados do que as análises audiométricas comuns, pois é importante diferenciar a perda de audição localizada no órgão sensorial (ouvido) da alteração do processamento auditivo central.
Para isso, é exigido, além das audiometrias padrão, testes para PAC (discriminação, temporais, dicóticos, monóticos, baixa redundância, eletrofisiológicos e eletroacústicos) e de avaliação do desenvolvimento linguístico e do comportamento auditivo.
Sugere-se que a idade mínima para que tal diagnóstico seja realizado é a partir dos sete anos, e estes exames são realizados pelo próprio profissional fonoaudiólogo, com ou sem o uso de cabina acústica (o que depende da especificidade de cada caso), porém, ainda não são muito comuns e não costumam fazer parte da rotina dos hospitais públicos brasileiros.
Nos mais jovens, é de extrema importância que o diagnóstico seja efetuado o quanto antes, para que as dificuldades no aprendizado escolar sejam superadas mais facilmente.
O cérebro humano tem, principalmente durante a infância, uma grande flexibilidade em seu desenvolvimento, o que é chamado de plasticidade neural.
Com o tratamento fonoaudiológico e o apoio de uma equipe pedagógica adequada desde cedo, a criança possuirá muito mais chances de um ótimo desempenho escolar, pois seu cérebro será treinado para compensar, através da propriedade da plasticidade citada acima, as falhas neurológicas das vias auditivas centrais.
Os exames apontarão em quais habilidades auditivas a criança possui maior dificuldade, e isto servirá de orientação para a escolha dos exercícios e das técnicas de treinamento auditivo que o fonoaudiólogo exercitará com a criança em um trabalho terapêutico.
Atividades, jogos e o uso da cabina acústica são alguns dos recursos utilizados na reabilitação.
O treinamento auditivo é um dos métodos terapêuticos utilizados na reabilitação auditiva no TPAC e pode ser definido como o uso de um conjunto de tarefas acústicas pré-determinadas com objetivo de ativar e/ou modificar o sistema auditivo.
Existem 2 modelos de treinamento auditivo, o informal, que se refere a intervenções terapêuticas sem o uso de equipamentos específicos para o controle dos estímulos acústicos trabalhados.
Muitas vezes é indicado para crianças menores por conta de fatores como a atenção e motivação, visto que a atividade pode ser conduzida com maior facilidade por meio do lúdico, como jogos e brincadeiras.
E o formal, que se refere ao processo terapêutico onde são utilizados equipamentos eletroacústicos que possibilitam o controle dos estímulos utilizados em sua duração, frequência e intensidade.
Este modelo pode ser conduzido, por exemplo, com o uso de um computador e em cabina acústica com o uso do audiômetro.
O transtorno do processamento auditivo central precisa de atenção e cuidados
Os transtornos do processamento auditivo central, são deficiências que variam de grau leve a severo e podem acometer qualquer área do desenvolvimento, desde crianças à idosos.
Eles podem afetar habilidades escolares, musicais, de comunicação e sócio-emocionais.
O processamento auditivo central é dividido em 5 habilidades: habilidades de atenção, de discriminação, de associação, de integração e de organização.
Uma criança com deficiência em uma ou mais dessas habilidades pode manifestar dificuldades para:
- Compreender o que as pessoas falam, principalmente em ambientes ruidosos;
- Dificuldades gerais na compreensão, inclusive na leitura e escrita; tempo de atenção curto;
- Maior nível de estresse quando deve permanecer atento, escutando;
- Dificuldade para seguir ordens longas;
- Parece escutar, mas não entende e tende a dizer “ã? Que?”;
- Déficit de memória; dificuldades gerias na fala e linguagem, como trocas na fala;
- Desorganização;
- Baixa autoestima;
- Desafinação e até problemas vocais.
O fonoaudiólogo atuará estimulando as habilidades auditivas alteradas de cada paciente. Assim, o transtorno do processamento auditivo central pode ser tratado e o paciente pode ter qualidade de vida com o tratamento adequado.