Transtorno do processamento sensorial: entenda o que é
Você já ouviu falar em transtorno do processamento sensorial? Hoje, vamos nos aprofundar sobre esse tema
O transtorno do processamento sensorial afeta nossa percepção de mundo e as informações que captamos.
Percebemos o mundo a nossa volta através do nosso sistema sensorial (órgãos dos sentidos) que captam as informações vindas do meio e as interioriza.
Quando esse sistema a nível cerebral se encontra alterado, o acesso ao mundo fica perturbado impedindo-nos de realizar a correta percepção e interação.
Transtorno do processamento sensorial, se refere à dificuldade que o cérebro encontra para processar informações através dos órgãos dos sentidos, ou seja, a visão, a audição, o tato, o olfato, o paladar e também o sistema vestibular e o proprioceptivo quando estes não respondem adequadamente a determinados estímulos vindos do meio.
Isso acarreta uma desregulação no indivíduo representada por comportamentos fora do padrão.
Um transtorno de processamento sensorial também pode ser referido como um distúrbio de integração sensorial ou uma disfunção de integração sensorial.
Indivíduos com um transtorno de processamento sensorial têm dificuldades à interpretação de entrada sensorial como pontos turísticos, sons, gostos, cheiros, toque e movimento.
Algumas crianças são hipersensíveis a seus sentidos, que significa que têm uma resposta exagerada aos estímulos, enquanto outros são hiposensitivos, que significa que têm uma discreta resposta aos estímulos.
Indivíduos com um transtorno de processamento sensorial podem ter dificuldade com funcionamento todos os dias.
Eles podem ter dificuldade em manter a família ou relações sociais. Além disso, eles podem apresentar problemas comportamentais ou emocionais.
Indivíduos com esta desordem podem ter dificuldade com a aprendizagem e podem desenvolver uma baixa autoestima.
Os sintomas geralmente começam na infância; no entanto, podem ser inconsistentes e cada criança pode exibir uma combinação diferente dos sintomas.
Quem pode apresentar o transtorno do processamento sensorial
As pesquisas recentes feitas nos EUA mostram que há um elevado grupo de pessoas que apresentam a desordem.
Pessoas com transtorno de processamento sensorial sentem o mundo de modo diferente, às vezes as informações são percebidas de modo mais intenso, ou em outros momentos são percebidas de modo menos intenso.
Referimos que estes sujeitos têm uma hipersensibilidade ou hiposensibilidade ao estímulo que incidiu sobre os órgãos dos sentidos.
O transtorno, atualmente é diagnosticado através de uma avaliação observacional seguindo alguns protocolos.
É realizada por Terapeuta Ocupacional, que também será responsável pelos devidos encaminhamentos para que o sujeito em questão consiga desenvolver-se.
Para ser considerado com transtorno de processamento sensorial, o indivíduo deve apresentar um conjunto de reações frente a diferentes experiências sensoriais a ponto de tais experiências tornarem-se “perturbadoras”, gerando impacto negativo ao seu desenvolvimento.
Um alerta interessante é que nem sempre as reações serão as mesmas frente a um mesmo estímulo, e esse ponto é muito importante, pois pode levar os especialistas ou até mesmo os pais a ficarem em dúvida quanto ao diagnóstico.
Estar diante de um sujeito com TPS muitas vezes é como “pisar em ovos”. Não temos certeza exata do que pode acontecer frente à quantidade significativa de estímulos aos quais ele é exposto.
Principais sintomas observados
Esse tipo de condição neurológica é caracterizado por:
- Falha na detecção ou na interpretação da entrada sensorial do ambiente ou do próprio corpo, ou seja, sentir frio ou calor, cansaço, fome e as luzes, os sons e as atividades simples, pode ser mais desafiador;
- Hipersensibilidade: a criança precisa realizar maior esforço ou estar excitada para sentir qualquer tipo de estímulo, por isso, é comum ela ser agitada, estar sempre em movimento, gostar de barulho e cheirar tudo o que encontra ou;
- Hiposensibilidade: ela tem mais facilidade para perceber os estímulos, à nível de as cores ficarem mais brilhantes e os sons, mais intensos, por exemplo. Neste caso, costumam ser mais seletivos com a comida, não gostam de barulho, nem de se sujar, são sensíveis à dor e reclamam de cheiros e da luz;
- Intolerância a algumas roupas ou texturas, logo, precisam de vestes sem costura e que retirem as etiquetas, e acabam optando por tecidos que causem menor sensação de desconforto;
- Aversão a alguns tipos de alimentos, devido à textura ou às cores;
- Dificuldade para usar as habilidades motoras finas, como segurar o lápis ou a caneta, por exemplo;
- Falta de adaptação para mudanças, como de atividades, de ambiente ou de casa.
Como é feito o diagnóstico?
O Diagnóstico do transtorno de processamento sensorial é feito em conjunto: os pais descrevem como é o comportamento, quais são as dificuldades e os medos de seu filho, e, no consultório, o médico faz uma avaliação com o auxílio de questionários, testes das habilidades de processamento sensorial e de observações clínicas.
Diante disso, ele classifica o quadro em uma ou mais das 3 categorias a seguir.
Transtorno de modulação sensorial
Nesse caso, há dificuldade para regular grau, intensidade e natureza das respostas aos estímulos sofridos.
Transtorno de discriminação sensorial
Caracterizado por um gasto de energia maior para interpretar a qualidade (diferenças e semelhanças) de cada estímulo.
Transtores motores com base sensorial
A criança apresenta dificuldade para absorver as informações do próprio corpo e a reagir de maneira condizente ao ambiente, como acontece com o distúrbio postural e com a Dispraxia (relacionada à idealização, criação, modificação e execução de ações).
Formas de tratamento do transtorno do processamento sensorial
Em primeiro lugar, vale ressaltar que cada criança é única.
Cada situação terá que ser trabalhada de uma forma adequada às necessidades de cada um.
Existem muitas maneiras de tratar o transtorno sensorial no autismo, mas para encontrar o caminho certo, é preciso a lembrar que cada pessoa é diferente e experimentará o mundo de maneiras que nem sempre iremos entender.
O melhor tratamento para suavizar o impacto das alterações sensoriais é o multidisciplinar.
É fundamental contar com o acompanhamento de neurologista que trabalhe com autistas, terapeuta ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo e médico.
Diante disso, os pais podem auxiliar os seus filhos a minimizarem as suas dificuldades por meio de:
- Brincadeiras ilimitadas, principalmente, atividades físicas ao ar livre, para que sintam sensações diferentes;
- Descobrir qual tipo de contato físico toleram e utilizar o toque para reconfortá-los, por exemplo;
- Mascar chiclete ajuda na concentração e no exercício de 6 sistemas sensoriais (tátil, proprioceptivo – percepção da localização no espaço –, gustativo, olfativo, auditivo e interoceptivo – produzidas no interior do corpo);
- Incentivar saltos em cama elástica, já que estimula diversas sensações simultaneamente, auxiliando assim, no aprendizado;
- Mover-se mais rápida e eficientemente durante as trocas da sala de aula, para minimizar as distrações, contatos e ruídos, por exemplo.
Transtorno do processamento sensorial e a importância de compreender como nossos sentidos afetam nossos sentimentos
Hoje aprofundamos um pouco mais sobre o transtorno de processamento sensorial.
Compreender que a forma como sentimos o mundo influencia a forma com que nos relacionamos é importante para garantir boas relações e encontrar disfunções.
Diante disso, diagnosticar o transtorno é importante para que ele tenha tratamento adequado, possibilitando qualidade de vida a quem sofre com ele. Fique atento aos sintomas e busque um diagnóstico.
Observar a forma com que seu filho interage e se comporta é importante para reconhecer nele, necessidades e limitações.
Por fim, é preciso lembrar que, quanto antes todo transtorno e distúrbio for detectado, melhor será o prognóstico do tratamento.
O transtorno de processamento sensorial pode ser contornado, desde que corretamente diagnosticado e tratado.