Treinamento auditivo em cabine: fique por dentro
O treinamento auditivo em cabine é uma das estratégias terapêuticas utilizadas para reabilitação. Conheça mais sobre essa modalidade de reabilitação.
O treinamento auditivo em cabine é uma das estratégias terapêuticas utilizadas para reabilitação do processamento auditivo central.
São atividades realizadas em cabine acústica para desenvolver ou aperfeiçoar as habilidades auditivas. Nesta terapia são fortalecidos os processos e habilidades auditivas, facilitando as estratégias de compensação.
Ademais, são enfatizados aspectos como: consciência fonológica; estimulação unilateral e bilateral; dessensibilização de fala em presença de ruído; atenção seletiva e escuta direcionada; discriminação de padrões temporais de frequência, intensidade e duração; memória e rotulação linguística.
O treinamento auditivo em cabine depende da capacidade de atenção do paciente.
Portanto, a idade mínima é entre 6 e 8 anos, a depender de características individuais de cada criança.
A estimulação da maturação cerebral e o treino auditivo devem começar o mais precoce possível, podendo ser realizado em crianças ainda muito pequenas, a fim de se evitar complicações futuras.
Também podem ser realizados em idosos para atenuar os efeitos das dificuldades com atenção, memória auditiva, compreensão e adaptação de aparelhos auditivos.
O treinamento auditivo em cabine não dispensa nem substitui a terapia fonoaudióloga convencional, que, quando necessária, irá sanar os impactos do processamento auditivo alterado na linguagem e aprendizagem.
A evolução das técnicas terapêuticas
Na área da audição, especialmente nos DPAC, a fonoaudiologia tem acompanhado as mudanças tecnológicas e desenvolvido software para reabilitar seus pacientes.
Não se pode estagnar as técnicas terapêuticas e utilizar somente métodos tradicionais, pois as alterações encontradas em consultórios ao longo dos anos repetem-se; mas, os sujeitos que as possuem são totalmente diferentes, com histórias de vidas e necessidades terapêuticas distintas, além de um desenvolvimento e crescimento característicos do momento em que vivem.
A utilização do computador propicia inúmeros benefícios, pois possibilita o armazenamento e a organização da informação, além de ser um meio de comunicação interativo, oferece estímulo multi-sensorial (imagem, som, animação, virtualidade), diferentes oportunidades de aprendizagem; facilita as trocas de experiências e viabiliza diversas formas de expressão como: oral, escrita e visual.
Acredita-se que a utilização do computador na clínica fonoaudiológica propicie uma abordagem terapêutica diferenciada e individualizada para esses pacientes.
Salienta-se que esses pacientes são antes de tudo crianças que estão crescendo em um mundo repleto de tecnologias, entre elas o computador.
O computador faz parte do cotidiano da maioria das crianças e sua utilização na terapia fonoaudiológica é estimulante para os pacientes, e essencial para os fonoaudiólogos.
Além disso, o uso do computador proporciona o contato com um instrumento terapêutico que possibilita múltiplas estratégias que potencializam o desenvolvimento global e auditivo desses pacientes.
Critérios para realização do treinamento auditivo em cabine
Abaixo, veja quais são os critérios mínimos para a participação do treinamento auditivo em cabine:
- A partir dos 7 anos de idade, se colaborante, através de solicitação médica;
- É obrigatório apresentar audiometria e impedanciometria recente (até 3 meses);
- Caso não esteja dentro do período, é necessário apresentar pedido médico para agendamento da audiometria e impedanciometria além do exame de processamento auditivo central;
- Menores de idade deverão estar acompanhados de um adulto responsável;
- A presença de cera de ouvido pode inviabilizar a realização do exame;
- O procedimento não deve ser realizado na vigência de dor de ouvido ou secreção no dia agendado.
A neurociência nos mostra que a maturação e a plasticidade do sistema nervoso (presente inclusive na idade adulta) são dependentes de estimulação e que a experiência e a repetição fortalecem, ativam ou reforçam vias neurais específicas.
Sabemos que o treinamento auditivo fortalece os processos e habilidades auditivas, além de facilitar as estratégias de compensação.
Nele, são enfatizados aspectos como: consciência fonológica; estimulação mono e binaural; dessensibilização de fala em presença de ruído; atenção seletiva e escuta direcionada; discriminação de padrões temporais de frequência, intensidade e duração; memória e rotulação linguística, entre outros.
A cabine acústica permite que o treinamento seja feito em local silencioso e o audiômetro dois canais possibilita a estimulação monótica e dicótica, o controle da intensidade e, a critério do fonoaudiólogo, a maior estimulação do lado pior.
Estabelecendo o desenvolvimento auditivo e linguístico
As habilidades são trabalhadas de forma hierárquica, porém à medida que vão desenvolvendo, elas se interligam. Essas etapas se dividem em:
- Detecção auditiva: quando há presença ou ausência de som;
- Discriminação auditiva: capacidade de perceber dois ou mais sons e se são iguais ou diferentes;
- Reconhecimento auditivo: identificar o som, ou seja, ser capaz de apontar para o estímulo ou repetir o som;
- Compreensão auditiva: entender o que foi ouvido, sendo capaz de responder ao estímulo.
Deficiência intelectual
A deficiência intelectual caracteriza-se por um funcionamento intelectual inferior à média, com manifestação antes dos 18 anos de idade, associado a limitações nas seguintes habilidades:
- Habilidades conceituais;
- Habilidades sociais;
- Habilidades práticas.
Causas da deficiência intelectual
A deficiência intelectual pode acontecer por:
- Fatores que ocorrem na gravidez, como uso de substâncias químicas, álcool, drogas, desnutrição materna; diabetes e doenças infecciosas (toxoplasmose,rubéola,e sífilis);
- Alterações genéticas, como erros inatos do metabolismo e as cromossômicas,como as síndromes de Down, X- frágil e Prader-Willi, entre tantas outras;
- Hipóxia (oxigenação cerebral insuficiente) e prematuridade no momento no parto;
- Infecções, desnutrição e etc.
O treinamento auditivo em cabine é eficaz para o tratamento de transtorno auditivo
O treinamento auditivo em cabine acústica parte das habilidades auditivas detectadas como alteradas em relação ao esperado para a idade, portanto uma avaliação do processamento auditivo atualizada é sempre necessária para iniciar o treino.
O diagnóstico de desordem no processamento auditivo não é dado antes de 8 anos em consideração à maturação do cérebro auditivo, no entanto, o treino poderá ser realizado assim que o paciente tiver condições de atenção, a critério do fonoaudiólogo, com estratégias adaptadas a cada idade.
Assim, a estimulação da maturação cerebral e o treino auditivo pode ser realizado em crianças ainda muito pequenas, evitando complicações futuras e, também em idosos, atenuando os efeitos das dificuldades com atenção, memória auditiva, compreensão e adaptação de aparelhos auditivos.
Uma vez que o indivíduo com alteração de processamento auditivo pode passar por anos de desenvolvimento de linguagem e de aprendizado escolar com as habilidades auditivas prejudicadas, as consequências podem se manifestar na linguagem oral e na escrita e não devem ficar sem reabilitação.
Assim, o treinamento auditivo em cabine não dispensa nem substitui a terapia fonoaudiológica convencional, que, quando necessária, irá sanar os impactos do processamento auditivo alterado na linguagem e aprendizagem.
Diante da necessidade da realização das 2 modalidades de terapia fonoaudiológica, elas podem ser realizadas concomitantemente, mas, havendo a necessidade de iniciar apenas com uma delas, deve-se priorizar a reabilitação do processamento auditivo.
Dessa forma, o treinamento auditivo em cabine é uma importante terapia para auxiliar no desenvolvimento e tratamento de transtornos no processamento auditivo.