Para que serve o Exame do Processamento Auditivo Central?
Você já ouviu falar em Exame do Processamento Auditivo Central? Hoje, vamos explicar um pouco mais sobre este procedimento
O nome é complicado né? Exame do Processamento Auditivo Central. Mas, em síntese, trata-se de um teste para quem ouve, mas não entende.
Processamento auditivo refere-se à forma pela qual o Sistema Auditivo Central analisa e interpreta os sons que ouvimos.
Todos os sons que ouvimos, para que sejam compreendidos, devem ser traduzidos pelo nosso cérebro.
O Processamento Auditivo envolve as seguintes habilidades auditivas:
- Habilidades de vigilância: relacionada como o indivíduo presta atenção à fala e aos sons de seu ambiente. Importante para se concentrar em um estímulo determinado, ignorando o ruído de fundo;
- Habilidades de localização de fonte sonora: importante para o estado de alerta, manutenção da atenção auditiva e escolha do estímulo para atenção;
- Habilidades de discriminação: fundamental para o desenvolvimento da Consciência Fonológica, ou seja, capacidade do cérebro em “ouvir” as diferenças entre os sons falados, como “b” e “p” ou “t” e “d”;
- Habilidade de associação: capacidade do indivíduo para receber partes de informação auditiva, analisá-las, dando-lhes um significado, permitindo, assim, a compreensão;
- Habilidades de integração: relacionam-se com a capacidade do individuo ouvir conjuntos de sons e uni-los com outras informações sensoriais, para dar significado a uma mensagem ou tarefa;
- Habilidades de processamento temporal: mostram o quanto um individuo é capaz de seguir a sequência, organizar e recordar aquilo que ouve.
Pré-requisitos para a realização do Exame do Processamento Auditivo Central
É imprescindível que todo o paciente encaminhado para a realização do Exame do Processamento Auditivo Central realize avaliação audiológica constando de pesquisa da audiometria tonal liminar, do limiar de reconhecimento de fala (LRF) e do índice percentual de reconhecimento de fala (IPRF), bem como das medidas de imitância acústica.
Esta avaliação audiológica deverá ser realizada, preferencialmente, em data próxima a avaliação do PAC.
Caso o paciente apresente histórico otológico e/ou de infecção ou alergia de vias aéreas superiores, ou outros indícios de acometimentos que podem gerar dúvidas em relação a acuidade auditiva, recomenda-se sempre uma nova avaliação audiológica.
É comum que o fonoaudiólogo que realiza a avaliação comportamental do PAC seja questionado, e por vezes pressionado, para avaliar crianças menores de 7 anos de idade.
Nestes casos, o fonoaudiólogo deve orientar que crianças menores de 7 anos, não apresentam desenvolvimento neuromaturacional suficiente para serem expostas às tarefas dos testes comportamentais do PAC, bem como nem todos os testes apresentam dados normativos para estas faixas etárias.
Avaliação do Processamento Auditivo Central
Os testes comportamentais do Processamento Auditivo Central foram criados visando oferecer ferramentas para avaliar as habilidades auditivas (mecanismo auditivo ou subprocesso) e, consequentemente, áreas e funções diferentes do sistema nervoso auditivo central (SNAC).
Assim, a avaliação do processamento auditivo não é um processo único que possa ser avaliado por meio de um único teste; é necessário um conjunto deles para rastrear as diversas funções do SNAC.
Os testes recomendados para realizar a avaliação comportamental do PAC, apresentam tipos de estímulos diferentes (verbais e não verbais) e podem ser apresentados de forma binaural ou monoaural.
Além da avaliação comportamental do PAC, recomenda-se a realização de procedimentos eletrofisiológicos e eletroacústicos.
São úteis para avaliar as vias neurais desde o nervo coclear até regiões mais altas como o córtex auditivo, passando pelo tronco encefálico, regiões subcorticais e corticais.
Também são importantes para diferenciar casos de TPAC de outros transtornos e podem se tornar muito úteis na avaliação de crianças menores de 7 anos.
Recomendações internacionais e nacionais indicam a necessidade que o exame do Processamento Auditivo Central, seja formada por, no mínimo, um teste que avalie: escuta monoaural, escuta dicótica, ordenação temporal, resolução temporal e interação binaural levando em conta a idade, desenvolvimento cognitivo e linguístico.
Resultados do Exame do Processamento Auditivo Central
Os valores apresentados deverão representar o valor bruto obtido em cada procedimento realizado por orelha e/ou tarefa.
Recomenda-se que o fonoaudiólogo apresente o valor normativo de referência de cada teste, bem como a referência com autor e ano do material utilizado para realização de cada teste e a habilidade auditiva que está sendo avaliada.
No que se refere a conclusão da avaliação do Processamento Auditivo Central, o fonoaudiólogo deve afirmar se há ou não a presença do Transtorno do Processamento Auditivo Central conforme discutido nos parágrafos anteriores.
Da mesma forma, deverá citar quais as habilidades auditivas fora dos padrões de normalidade estipulados para cada faixa etária.
Quanto a exposição de outras informações sobre o processo avaliativo – tanto referente às observações de comportamentos auditivos ou de linguagem, bem como outros comportamentos do paciente – fica optativo ao fonoaudiólogo descrevê-las.
Cabe ao fonoaudiólogo realizar encaminhamento a outros profissionais sempre que julgar necessário, baseando-se em dados da história clínica ou anamnese, resultados das avaliações realizadas ou comportamentos observados.
Não é recomendado que o fonoaudiólogo que está realizando este relatório determine o método ou técnica da terapia fonoaudiológica a ser realizada, podendo, porém, acrescentar sugestões sobre condutas, estratégias facilitadoras ou compensatórias.
O momento da devolutiva da avaliação é um período no qual o fonoaudiólogo deverá disponibilizar tempo para explicar aos pais e/ou responsáveis, ou mesmo ao indivíduo, quais as habilidades auditivas avaliadas e quais os desempenhos e comportamentos observados.
O Exame do Processamento Auditivo Central é importante via de diagnóstico para problemas que podem ser tratados e permitir uma vida normal
Quando os sintomas são percebidos, o primeiro passo é procurar um otorrinolaringologista.
Junto de uma equipe multidisciplinar composta por fonoaudiólogos, audiologistas, psicólogos, pedagogos, entre outros, o médico responsável deve analisar o caso.
Depois, é dado o diagnóstico e, se a resposta for positiva, o paciente é encaminhado para um planejamento terapêutico adequado.
Um dos métodos terapêuticos utilizados é o treinamento auditivo, que consiste na execução de diversas tarefas acústicas capazes de ativar ou modificar o sistema auditivo.
Também é muito importante que haja um trabalho multidisciplinar entre os pais, a escola e os professores.
Quer saber mais sobre Exame do Processamento Auditivo Central e suas variáveis? Entre em contato conosco!