Transtorno do processamento sensorial: sinais de alerta
Você conhece o transtorno do processamento sensorial? Hoje, vamos mostrar para você os seus principais sinais
O transtorno do processamento sensorial, assunto já discutido aqui no blog, volta a ser tema dessa semana tendo em vista ser um problema que pode apresentar diferentes comportamentos que muitas vezes tem relação com o seu dia.
Temos que ter cuidado quando analisamos comportamentos, como excesso de movimento, euforia, distração, passividade, problemas como falta de coordenação motora fina ou ampla, olhamos como algo normal do neurodesenvolvimento, ou em outros extremos damos nome ao que não temos certeza.
O transtorno do processamento sensorial diz respeito a uma desorganização na forma como as diferentes regiões cerebrais recebem e processam as informações vindas dos receptores sensoriais, interpretando estes estímulos de modo “errôneo” para mais ou para menos.
Essa interpretação errônea leva a criança a desmodular-se no ambiente não conseguindo organizar-se para permanecer no mesmo ou realizar uma atividade.
Embora frequente na criança com dificuldade alimentar, poucos profissionais sabem identificar precocemente, o que dificulta ainda mais o diagnóstico e tratamento, agravando ainda mais o problema.
Muitas famílias restringem seu convívio social por não conseguirem controlar os comportamentos inadequados dos seus filhos.
Muito desses comportamentos, tidos como incontroláveis, a agitação ou apatia frente a determinadas situações da vida diária, podem ser sinais de alteração do processamento sensorial.
Hoje, pontuamos 10 sinais e sintomas que consideramos importantes serem observados quando se suspeita de uma dificuldade sensorial.
#1. Dificuldades com tarefas de cuidado pessoal
Estamos falando de uma verdadeira aversão. Uma aversão significativa que, podem ser necessários vários adultos para segurar uma criança para que suas unhas sejam cortadas, por exemplo.
A família pode até ter parado de tentar cortar os cabelos da criança ou dar um banho de banheira, porque a criança nesses casos tem seu comportamento muito alterado, ficando nervosa, agitada e muitas vezes incontrolável quando exposta a essas situações.
#2. Criança seletiva para comer
Infelizmente, este ponto pode ser difícil, porque muitas crianças são seletivas.
Mas, mais uma vez, estamos falando de dificuldades significativas para comer, do tipo que faz com que a rotina da família e/ou a nutrição da criança seja afetada.
Podemos ver uma criança só querendo comidas crocantes (biscoitos, ou chips, por exemplo) ou que não come comidas com várias texturas diferentes, como um pão com patê.
Às vezes, algumas crianças têm a tendência a só aceitar alimentos de uma determinada cor, ou marca e/ou formato específico.
Outras crianças podem resistir a certas temperaturas (só aceitam o alimento a uma determinada temperatura, ou quente ou frio, ou ainda apenas em temperatura ambiente).
#3. Dificuldade em sujar mão e rosto
É comum ouvir relatos de pais que dizem que, se os filhos sujam as mãos de comida, fica reclamando e chacoalhando até que sejam limpas.
Essas crianças também podem resistir a aceitar alimentos na forma de purê ou cremosa.
#4. Não gostar de brincar com areia
Frequentemente, crianças com sensibilidade tátil ou defensividade tátil, evitam atividades onde substâncias/coisas fiquem grudadas às suas mãos.
Essas atividades (pintura com dedo, brincar na areia ou com creme de barbear) geram inputs táteis, que são mais difíceis de serem interpretados pela criança com dificuldade sensorial.
#5. Demonstrar medo quando se movimentam para trás
Estes comportamentos podem ser indicadores que estas crianças não entendem sua relação com a gravidade como resultado de um processamento vestibular ineficiente.
Frequentemente, essas crianças têm um histórico de relutar para trocar a fralda, enxaguar o cabelo no banho e/ou brincar no parque com determinados brinquedos.
#6. Medo de tirar o pé do chão
Mais uma vez, estes são comportamentos que podem indicar que a criança não está processando adequadamente os inputs de movimento vestibular e que ela não entende a diferença de estar em um degrau de 10cm e uma trava olímpica de 120cm de altura.
#7. Escalar, pular e cair constantemente
Este ponto também pode ser difícil de interpretar porque é esperado que crianças mais novas ainda estejam aprendendo a parar e realizar atividades recreativas simples.
Então, o que estamos buscando ver, é uma criança que procura tanto se movimentar que ela tem uma dificuldade significativa em realizar uma atividade sentada por mais de 1 ou 2 minutos.
Nós também estamos buscando ver se essa criança tem dificuldade em permanecer sentada à mesa no momento da refeição, se ela se afasta da família com frequência quando em lugares públicos e sobe/escala móveis da casa demasiadamente.
#8. Girar, balançar ou realizar movimentos bruscos excessivamente
Estes tipos de comportamento podem indicar que a criança tem um input de processamento vestibular ineficiente e, como resultado, tem uma necessidade extra de se movimentar para tentar modular seu nível de agitação.
Perceba se a criança gosta de ficar girando em círculos, ficar correndo no tapete da sala ou dirigindo ao redor de algo com brinquedos, com uma motoquinha, por exemplo.
#9. Dificuldade para ficar sentada por muito tempo
Crianças com processamento vestibular ineficiente muitas vezes possuem baixo tônus muscular.
Nós descrevemos estas crianças como tendo aparência hipotônica e parecem movimentar suas articulações além do normal.
#10. Dificuldades com transições e com sono
Essas crianças podem ter problemas em filtrar todas as informações sensoriais recebidas do ambiente, assim como dos seus próprios corpos.
Nós chamamos esta habilidade de autoregular nosso nível de agitação, de “modulação”.
Crianças com dificuldade de modulação frequentemente têm dificuldade de se acalmar, têm acessos de birra/raiva, têm dificuldade de permanecerem adormecidos e têm dificuldade em transacionar entre tarefas e atividades.
Transtorno do processamento sensorial: fique atento a estes sinais em seu filho
Estes comportamentos podem ser indicativos de transtorno de processamento sensorial.
Esses sinais certamente são encontrados em muitas crianças e podem indicar vários quadros (sinais de Autismo, de Apraxia, de TDAH, por exemplo), e até mesmo de quadros relacionados a transtornos emocionais (depressão e ansiedade).
A intenção aqui é apenas chamar a atenção para que possamos pensar no transtorno do processamento sensorial como algo que está por traz desses comportamentos, evitando olhar para a criança sempre como hiperativa ou desatenta.
O transtorno do processamento sensorial é uma condição que precisa ser adequadamente tratado tendo em vista os atrasos no processo de desenvolvimento e aprendizagem que essa criança pode apresentar.
Muitos profissionais podem estar envolvidos de alguma forma no tratamento sob orientação de um terapeuta ocupacional.
O importante é ampliar nosso olhar e buscar informação. É possível tratar e o transtorno do processamento sensorial para dar qualidade de vida à criança.